segunda-feira, 14 de maio de 2012

Ser terapeuta

Ser Terapeuta
Ser terapeuta não foi algo que resolvi sozinha. Havia feito anos de análise pessoal e freqüentado diversos tipos de terapia. Havia terminado o curso de Psicologia. Me tornara pronta para ser uma terapeuta, mas havia uma impossibilidade em mim. Não tinha coragem de alugar uma sala, dizer “sou terapeuta”, minha insegurança me impedia. Mas, fui salva por uma paciente que me ligou e perguntou se eu havia me formado e podia atendê-la. A partir da confiança dela em mim, do desejo dela de fazer terapia comigo, de todos os ecos que essa confiança e desejo causaram em mim, tornei-me terapeuta de fato, responsável por um consultório. Até hoje, só sinto que sou terapeuta porque meus pacientes aparecem e a dinâmica que existe entre eu e eles me leva a navegar pelas teorias psicológicas em busca de alimento-conhecimento. Ser terapeuta me conduz para todas as alturas do espírito e para todas as doçuras e tormentas da alma. Ser terapeuta me leva ao centro. Perto do amor, perto da dor, num lugar onde o sentimento pode ser elaborado de forma segura, mesmo eu-mesma sendo tão insegura. A segurança vem da própria técnica terapêutica como a entendo: as intenções do terapeuta, a ética, a imensa capacidade que o ser humano tem de reflexão, linguagem, construções afetivas e simbólicas, usando sua imaginação e todo o seu potencial para superar a si mesmo. O processo terapêutico é transformador para mim como terapeuta e para meus pacientes. Ele é um embrião de significados, que vão dando sentidos à pessoa como um todo e à sua história.

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