in "O poder do mito", de Joseph Campbell:
" Numa espécie de parábola, Nietzsche descreve o que chama de as três transformações do espírito. A primeira é a do camelo- da infância e da juventude. O camelo se ajoelha e diz: "Ponha uma carga sobre mim." Isso representa o período da obediência, da assimilação das instruções e informações necessárias, segundo a sociedade, para se viver uma vida responsável.
Mas, quando está bem carregado, o camelo se ergue nas patas e corre para o deserto, onde se transforma num leão; quanto mais pesada a carga, mais forte o leão. Bem, o dever do leão é matar o dragão, e o nome do dragão é "Você fará". Em cada uma das escamas desse animal está impresso um "você fará": alguns, de quatro mil anos; outros, das obrigações do dia. Enquanto o camelo- a criança- tem de se submeter aos muitos "você fará", o leão-o jovem- se dedica a atirá-los fora e chega à sua autodeterminação.
Assim, quando o dragão está completamente morto, com todos os "você fará" desativados, o leão se transforma numa criança que abandona a sua própria natureza, como uma roda impelida pelo próprio eixo. Não mais regras para obedecer, não mais regras decorrentes das necessidades e deveres históricos da sociedade local, mas o genuíno impulso vital de uma vida em flor."
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